Milei endurece regras de imigração; estrangeiros terão de pagar saúde, e universidades podem começar a cobrar
Norma publicada por Milei, que deve ser transformada em decreto nos próximos dias, altera acesso de estrangeiros à saúde e à educação. Também prevê deportação de quem cometer crimes e impede entrada de condenados. Presidente da Argentina, Javier Milei, volta a ameaçar saída do Mercosul durante discurso de abertura do Parlamento argentino em 1º de março de 2025.
REUTERS/Matias Baglietto
O governo de Javier Milei, da Argentina, publicou nesta quarta-feira (14) um comunicado que deve ser transformado em decreto e restringe a entrada e permanência de estrangeiros no país.
O decreto passa a vigorar assim que for publicado no Diário Oficial do país, o que não tem data certa, mas deve ocorrer nos próximos dias.
Com a nova norma, a utilização dos serviços públicos de saúde será cobrada de residentes transitórios, temporários e em situação irregular. Turistas também terão que apresentar um seguro médico ao entrar no país.
Além disso, universidades públicas poderão cobrar mensalidades de estudantes estrangeiros. Leia aqui como as medidas impactarão os brasileiros.
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Decreto de Milei sobre imigração impacta brasileiros que viajam ou residem na Argentina
O decreto também impede a entrada de estrangeiros com condenações e determina a deportação daqueles que cometerem qualquer crime em território argentino
Segundo comunicado divulgado nas redes sociais pelo gabinete presidencial, as medidas têm como objetivo garantir que os recursos públicos sejam destinados aos contribuintes argentinos.
De acordo com o governo, apenas em 2024, o atendimento médico a estrangeiros em hospitais públicos gerou um gasto de cerca de 114 bilhões de pesos, o equivalente a R$ 57 milhões.
"A Argentina, desde suas origens, sempre foi um país aberto ao mundo. No entanto, isso não pode dizer que os pagadores de impostos devam sofrer as consequências de estrangeiros que chegam unicamente para usar e abusar de recursos que não são seus. (...) As facilidades extremas que até essa data existiam para entrar na Argentina fizeram com que, nos últimos 20 anos, 1,7 milhões de estrangeiros imigrassem de forma irregular no nosso território", diz parte do texto.
"Essa medida visa garantir a sustentabilidade do sistema público de saúde, para que deixe de ser um centro de benefício financiado pelos cidadãos argentinos", ressalta o comunicado.
Veja todas as medidas anunciadas:
Nenhum estrangeiro condenado poderá entrar no país, e aqueles que cometerem qualquer crime em território argentino serão deportados, independentemente da pena;
Será exigido o pagamento pelos serviços de saúde para residentes transitórios, temporários e irregulares, e será obrigatória a apresentação de um seguro médico no momento da entrada na Argentina;
Universidades nacionais estão autorizados a estabelecerem uma cobrança para cursos universitários voltados a residentes temporários, caso optem por isso;
A cidadania argentina só será concedida a quem tiver residido de forma contínua no país por pelo menos dois anos ou tenha realizado um investimento relevante para a Argentina;
Para residência permanente, será necessário comprovar meios de subsistência suficientes e ausência de antecedentes criminais.
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Brasileiros afetados
Segundo levantamento do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, em 2023, mais de 90 mil brasileiros viviam na Argentina.
Desde que Javier Milei assumiu o governo e fez mudanças na economia, muitos estrangeiros vêm abandonando o país, que passou de barato a um dos mais caros da América Latina.
Em dezembro de 2024, a Argentina recebeu 581.600 turistas, sendo maioria destes (22,5%) proveniente do Brasil.
Por que a Argentina ficou mais cara para brasileiros?
Em agosto de 2024, brasileiros contaram à BBC News que haviam decidido deixar a Argentina devido à explosão do custo de vida. Um estudante que vivia por lá desde 2019, por exemplo, viu seu aluguel pular de R$ 300 para R$ 2 mil.
Em dezembro, o g1 mostrou que estudantes de medicina que haviam começado a fazer o curso nas universidades argentinas, estavam voltando ao Brasil para concluí-lo devido aos reajustes constantes no valor das mensalidades, ao aumento no curso de vida e às cobranças de aluguel em dólar.
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