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Caieiras,01/05/2025

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A prisão de Collor e a lição que os políticos deveriam aprender

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É impressionante como alguns políticos fazem certas afirmações, como ser a favor da anistia aos presos em 8 de Janeiro, e, pouco tempo depois, sem qualquer justificativa plausível, sem receio de reprimendas, mudam de opinião como quem troca de camisa. Normalmente não sofrem consequências, mas pode haver exceções.


E não apenas nos discursos. Talvez o ex-presidente Fernando Collor de Mello, em meio a tanta roubalheira, pensasse que não seria penalizado, mas acabou sendo uma dessas exceções. Está preso. Depois de tantas idas e vindas com a Justiça, finalmente o STF resolveu aplicar uma pena de 8 anos e 10 meses de reclusão em regime fechado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele, que sempre contou com ajuda ao longo da vida, agora parece ter sido abandonado.





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A ajuda da imprensa


Há provas de que, durante a campanha à presidência em 1989, ao participar de debates com Lula na Rede Globo, a emissora fez de tudo para ajudá-lo, inclusive com edição do confronto em cenas que pudessem prejudicar seu adversário e dar uma mãozinha para ele. O próprio José Bonifácio Sobrinho, homem que mandava “prender e soltar” na Globo, confessou:


“Então nós conseguimos tirar a gravata do Collor, botar um pouco de suor com uma ‘glicerinazinha’ e colocamos as pastas todas que estavam ali com supostas denúncias contra Lula – mas as pastas estavam vazias ou com papéis em branco. Todo aquele debate foi produzido – não o conteúdo, o conteúdo era de Collor, mas a parte formal nós é que fizemos.”


A cumplicidade dos gestos


Agora, na comemoração dos 60 anos da Globo, a emissora fez outro “mea-culpa”. Ao se referir ao “erro” cometido, disse Bonner: “A Globo reconheceu o erro de tentar editar um debate político, e os textos e vídeos que esclarecem esse episódio, com riqueza, estão disponíveis também no site do Memória Globo”, enfatizou o jornalista.


Outro caso que evidencia o favorecimento da imprensa foi a entrevista que Collor concedeu ao programa Ferreira Netto. O jornalista ajudou o candidato a se apresentar de forma mais positiva. Fez gestos fora dos olhares dos telespectadores e, durante as perguntas, usou o tom de voz para facilitar as respostas do entrevistado.


Rei morto, rei posto


Onde foram parar os amigos? Após 35 anos, Collor, aparentemente, não tem a quem recorrer. Com 75 anos de idade, talvez tenha de esperar os benefícios normais concedidos pela Justiça para que sua pena seja reduzida. Depois de ter conquistado tanto poder como presidente da República e senador, não deve ser fácil suportar a privação da liberdade.


A conclusão a que se chega é que, se a Justiça quiser, ainda que tardiamente, às vezes, dia mais cedo, dia mais tarde, os criminosos pagarão pelos seus erros. Essa é uma esperança da população, mas uma esperança frágil, acompanhada de muitas incertezas.


Quase todos livres


Praticamente todos os que foram condenados com ‘sobradas provas’ nos escândalos do Mensalão e do Petrolão continuam livres, leves e soltos, curtindo a grana que surrupiaram. Houve uma brisa de ilusão de que a justiça seria feita, só que o tempo mostrou que tudo não passava de meros devaneios.


A pergunta que não quer calar é esta: e os outros? E aqueles que confessaram seus crimes, que devolveram o dinheiro roubado, que delataram os parceiros de butim com provas robustas, nada? As entrelinhas das letras da lei entram em campo para protegê-los?


A lição das exceções


Relembrando agora uma conversa com Ferreira Netto, o jornalista que citei há pouco. Certa vez, ele me disse: “Se revirar a vida de um político, não escapa um. Sempre haverá um esqueleto no armário.” Retruquei: “Ferreira, há exceções.” E ele, com a experiência de décadas na imprensa, me disse: “Aqui vai outra lição importante: sempre que fizer uma afirmação geral, deixe uma porta aberta: ‘salvo exceções’.”


Explicou que assim eu poderia evitar processos desnecessários. Se alguém reclamasse, bastaria dizer que ele estava entre essas exceções. E olha que estou me referindo a uma conversa que tivemos no início dos anos 1980, quando nem se sonhava com internet e redes sociais.


Assim, seguindo a orientação do grande Ferreira, talvez pudesse afirmar que no Brasil o crime compensa. Roubar milhões, ou, como no caso dos descontos ilegais do INSS, bilhões, e ficar vendo o sol nascer quadrado por uns dois anos, para alguns pode parecer um excelente investimento  – “Com raras exceções.” Siga pelo Instagram: @polito




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