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Caieiras,22/06/2025

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Do Velho para o Novo Mundo: a receita do sucesso na viticultura sul-americana

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A conexão entre o Velho e o Novo Mundo do vinho nunca foi tão visível quanto na presença de vinícolas europeias instaladas na América do Sul. Grandes casas da França, Itália, Espanha e Portugal têm investido nos terroirs únicos do Uruguai, Chile, Argentina e, inclusive, Brasil, buscando unir tradição e inovação, respeitando as características locais e, ao mesmo tempo, aplicando o know-how secular da viticultura europeia.


Ao longo dos séculos, a viticultura foi um dos principais pilares culturais e econômicos da Europa. França, Itália, Espanha e Portugal moldaram o mundo do vinho com tradição, técnica e prestígio. Porém, no final do século XX e início do XXI, algo mudou: as fronteiras do vinho se expandiram e o Velho Mundo olhou para a América do Sul como um novo e promissor território de expressão enológica. O resultado foi uma onda consistente de investimentos de vinícolas europeias na América do Sul.


O contexto histórico e econômico do final do século XX foi decisivo. Durante as décadas de 1970 e 1980, a Europa Ocidental enfrentou oscilações econômicas, saturação de mercado e regulamentações cada vez mais rígidas sobre denominações de origem e práticas vitícolas. Ao mesmo tempo, os vinhos da América do Sul começaram a ganhar reconhecimento internacional, especialmente na Inglaterra, Estados Unidos e Japão, devido ao bom custo-benefício, fruta expressiva e crescente qualidade. Neste diapasão, as vinícolas europeias perceberam uma oportunidade: investir em regiões com terroirs promissores, menor custo de produção, menos burocracia e grande potencial de exportação.


A Argentina foi pioneira em atrair grandes investimentos estrangeiros. O país viveu uma abertura econômica significativa nos anos 1990, promovida pelas políticas do presidente Carlos Menem. A estabilidade cambial e os incentivos a capital estrangeiro abriram as portas para investidores do mundo todo. Neste contexto, em 1998, o enólogo francês Michel Rolland, em parceria com outros produtores de Bordeaux, iniciou o projeto Clos de los Siete em Mendoza. Essa união resultou em diversas vinícolas com padrão internacional, como DiamAndes (grupo Bonnie, Château Malartic-Lagravière) e Monteviejo.


Já a Cheval des Andes (Mendoza) é uma fronteira do prestigiado Château Cheval Blanc (Saint-Émilion, Bordeaux) na vinícola argentina. O resultado é um vinho de alta gama, corte de Malbec com Cabernet Sauvignon e Petit Verdot, que combina a opulência argentina com a finesse bordalesa.


O Chile é outro destino de destaque para vinícolas europeias. Seu clima mediterrâneo, ausência de filoxera e variedade de microclimas despertaram o interesse de grupos tradicionais. Por exemplo, o Château Mouton Rothschild produz no Chile o vinho Escudo Rojo, um corte bordalês com tipicidade chilena. Já a Miguel Torres Chile é um dos primeiros investimentos espanhóis naquele país, iniciado nos anos 1970. Produz vinhos como Santa Digna Carmenère e Cordillera Chardonnay, que unem tradição catalã à expressão chilena.


O Uruguai, país com forte herança europeia, especialmente basca e italiana, tem despertado o interesse de vinícolas francesas e espanholas devido ao destaque da uva Tannat. Tanto é assim que a Narbona – uma das vinícolas mais antigas do Uruguai (de 1909) — foi reestruturada com investimento espanhol do grupo Terras Gauda, da Galícia. Produz o Narbona Tannat e o Narbona Puerto Carmelo, vinhos de personalidade atlântica.


E o Brasil não poderia ficar de fora. Braço do grupo francês Moët & Chandon, a vinícola se instalou no Brasil em 1973 e é responsável pela linha Chandon Réserve Brut, um espumante com estilo francês e identidade brasileira, produzindo em Garibaldi espumantes de categoria mundial. Ainda, em parceria com a tradicional vinícola portuguesa Aliança Vinhos de Portugal, a Miolo elabora rótulos como Seival Castas Portuguesas, que inclui Touriga Nacional, Tinta Roriz e outras uvas típicas de Portugal.





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A presença de vinícolas europeias na América do Sul vai além de simples investimento: representa um intercâmbio cultural, técnico e estilístico. Os vinhos resultantes dessa colaboração revelam o melhor dos dois mundos — a alma do Velho Mundo e a ousadia do Novo. Em regiões como Mendoza, Maipo, Garzón e a Serra Gaúcha, o futuro do vinho sul-americano se molda com raízes fincadas na tradição europeia e olhos voltados para a inovação e autenticidade local. Salut! 




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