Chefe da OMS cobra entrada imediata de ajuda humanitária em Gaza anunciada por Netanyahu: '2 milhões estão passando fome'
Afirmação ocorre em meio ao início de ampla operação terrestre no território palestino. Entrada de ajuda humanitária em Gaza ajudará a atingir objetivos de guerra, segundo premiê. Um tanque israelense patrulha a fronteira entre Israel e Gaza
REUTERS/Amir Cohen
O chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, afirmou nesta segunda-feira (19) que dois milhões de pessoas estão passando fome na Faixa de Gaza e cobrou a entrada imediata da ajuda humanitária prometida pelo premiê israelense Benjamin Netanyahu.
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Netanyahu anunciou nesta segunda-feira a entrada de nova ajuda humanitária aos palestinos após a implementação de logística para o Exército israelense controlar a distribuição de suprimentos.
Netanyahu: Israel controlará Faixa de Gaza e distribuição de ajuda humanitária
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou nesta segunda-feira (19) que Israel controlará toda a Faixa de Gaza e liberou uma nova onda de entrada de ajuda humanitária no território palestino com a ajuda dos Estados Unidos.
Netanyahu afirmou também que o controle de Gaza, buscado pela nova ofensiva terrestre anunciada no domingo, é fundamental para a vitória sobre o grupo terrorista Hamas, e que prevenir a fome no território ajudará a alcançar os objetivos de guerra israelenses.
"Desde o início da guerra, dissemos que, para completar a vitória, derrotar o Hamas e libertar todos os nossos reféns — duas tarefas que estão interligadas — há uma condição necessária: não podemos chegar a uma situação de fome. Tanto do ponto de vista prático, quanto do diplomático. (...) Isso faz parte da derrota do Hamas, em paralelo com a enorme pressão militar, nossa entrada massiva para essencialmente tomar o controle de toda Gaza e tirar do Hamas qualquer capacidade de saquear a ajuda humanitária. Esse é o plano de guerra e de vitória", afirmou Netanyahu.
Segundo o premiê de Israel, desta vez a entrega de ajuda humanitária será diferente: mediada pelo Exército israelense para impedir que o Hamas tenha acesso à ajuda humanitária que entrará no território palestino. E também atribuiu ao grupo terrorista a culpa pela "ajuda mínima" aos palestinos ao longo da guerra.
O novo método de distribuição de suprimentos aos palestinos consistirá em pontos de distribuição protegidos pelo Exército para permitir que empresas americanas distribuam alimentos e remédios à população.
Netanyahu não informou quando a ajuda humanitária começaria a entrar em Gaza, mas disse que os primeiros pontos serão instalados nos próximos dias, "até chegar a uma situação em que teremos uma área totalmente controlada [pelas tropas], onde toda a população civil poderá receber a ajuda".
Caminhões carregados com suprimentos foram vistos estacionados do lado de fora da fronteira nesta segunda-feira, mas nenhum deles entrou no território até o momento.
A declaração de Netanyahu ocorre um dia após o Exército de Israel lançar uma ampla ofensiva terrestre nas regiões sul e norte de Gaza. As falas desta segunda e domingo também reforçam a promessa anterior do premiê, que havia assegurado que as forças israelenses entrariam no território palestino “com toda a força”. (Leia mais abaixo)
Israel volta a liberar ajuda humanitária para Gaza
Bombardeios e ofensiva terrestre
O Exército israelense afirmou em comunicado que a operação terrestre começou após uma onda preliminar de ataques da Força Aérea contra alvos do grupo terrorista Hamas para diminuir as capacidades de resposta contra a investida. A pasta israelense disse também que mais de 670 alvos terroristas do grupo foram atingidos em toda a Faixa de Gaza na última semana.
Ao mesmo tempo, os bombardeios israelenses em Gaza mataram mais de 500 pessoas desde o último domingo (11), entre eles mulheres e crianças, inclusive mais de 130 mortos neste domingo (18), segundo o Ministério da Saúde palestino, controlado pelo Hamas.
Netanyahu afirmou no início do mês que a nova ofensiva contra o Hamas em Gaza "será intensa" e que, como consequência, a população palestina será deslocada novamente dentro do território.
O premiê israelense sinalizou ainda uma mudança na abordagem da guerra, em que agora as tropas israelenses ocuparão os territórios tomados, em vez de se retirar ao final de operações contra terroristas do Hamas. A nova ofensiva terrestre de "ocupação total", aprovada pelo congresso israelense, terrestre pode colocar em prática a nova estratégia.
O plano será implementado de forma gradual e envolve a ocupação permanente do território, segundo disseram à agência de notícias Associated Press duas fontes do gabinete de ministros de Israel. Atualmente, Israel já controla aproximadamente 50% do total do território de Gaza, e de forma temporária.
"Continuaremos até quebrar a capacidade de combate do inimigo, até derrotá-lo onde quer que operemos. Não podemos voltar a 7 de outubro. Temos dois objetivos principais pela frente: o retorno dos sequestrados e a derrota do Hamas", disse o Major-General Eyal Zamir, chefe do Exército israelense.
Fontes do Exército israelense afirmaram à agência de notícias Reuters que os palestinos serão deslocados para o sul do território. Deslocamentos forçados e em massa de pessoas, como já ocorreram diversas vezes durante a guerra, são criticados por órgãos humanitários e bilaterais, como a Cruz Vermelha e a ONU.
A nova ofensiva terrestre israelense em Gaza iniciou no mesmo dia em que o papa Leão XIV fez apelos novos por paz no mundo e mencionou o conflito em Gaza durante sua missa inaugural do papado.
''Na alegria da fé e da comunhão, não podemos esquecer nossos irmãos e irmãs que sofrem com as guerras. Em Gaza, crianças, famílias, idosos sobreviventes estão passando fome", afirmou o pontífice, em referência à ausência de ajuda humanitária entrando no território.
Desde o início do conflito, a operação militar israelense devastou Gaza, forçando quase todos os moradores a múltiplos deslocamentos forçados e causando uma crise humanitária. Segundo autoridades de saúde de Gaza, mais de 53 mil palestinos foram mortos pelo conflito, a maioria mulheres e crianças. Levantamento independente feito pela ONU também afirma que civis estão entre a maior parte dos mortos.
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