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Caieiras,23/06/2025

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Petróleo, inflação e bolsas: os efeitos do possível bloqueio no Estreito de Ormuz pelo Irã

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A decisão pelo fechamento da via marítima, responsável por escoar 20% do petróleo global, ainda precisa do aval de autoridades de segurança iranianas. Analistas do mercado, no entanto, já preveem impactos negativos para a economia mundial. Conflito no Oriente Médio: o papel estratégico do Estreito de Ormuz
O Parlamento do Irã aprovou neste domingo (22) o fechamento do Estreito de Ormuz. A medida retaliatória vem após o bombardeio ordenado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra instalações nucleares iranianas, em meio à guerra entre Irã e Israel.
A decisão ainda precisa ser aprovada pelo Conselho Supremo de Segurança Nacional e pelo aiatolá Khamenei. O provável bloqueio da principal via marítima de transporte mundial de petróleo, no entanto, já causa grandes preocupações nos mercados globais.
O estreito é responsável pelo fluxo de cerca de 20% de todo o petróleo comercializado globalmente, segundo dados da Agência Internacional da Energia (AIE). Além disso, a via marítima é crucial para o transporte de gás natural liquefeito (GNL), com 20% do comércio mundial.
O fechamento da rota pode afetar a oferta da commodity no mercado global, fazendo o preço do barril de petróleo disparar. Há ainda efeitos na inflação: com o petróleo mais caro, sobem os preços de energia e transportes, com reflexos nos custos de alimentos e insumos industriais.
Os riscos geopolíticos, aliados aos impactos do petróleo (com o aumento de custo para as empresas), também devem deixar as bolsas no vermelho já na abertura dos mercados nesta segunda-feira (23).
🔎 Em cenários de incerteza, investidores buscam ativos mais seguros, como o ouro e o dólar — o que tende a fortalecer o metal e a moeda norte-americana.
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Disparada no preço do petróleo
Para analistas do mercado financeiro, o fechamento do Estreito de Ormuz pelo Irã deve se concretizar. Assim, os preços do petróleo devem subir, incialmente, cerca de 20%, projeta o economista André Perfeito.
"Hoje, o petróleo do tipo Brent está cotado a US$ 77,27. A primeira resistência gráfica está situada no patamar de US$ 92,00. Logo, podemos imaginar o teste desta marca rapidamente, o que implica falar numa alta de 20% em relação ao patamar atual", afirma.
Segundo ele, os preços devem disparar ainda mais caso o conflito se estenda ao longo dos próximos dias. Nesse caso, o economista estima que o barril poderá avançar até 40%, acima de US$ 110. Seria um nível próximo ao pico de 2022, quando se intensificaram os conflitos entre Rússia e Ucrânia.
"O dólar deve disparar nesta segunda-feira, na esteira do aumento do ruído global. Contudo, sugiro, mais uma vez, cautela. Lembremos que o Brasil tem relação positiva com petróleo, uma vez que somos grandes produtores", pondera.
Já no início do conflito entre Israel e Irã, analistas do JPMorgan afirmaram que, no pior cenário, o fechamento do estreito ou uma retaliação por parte dos principais produtores de petróleo da região poderia elevar os preços para a faixa de US$ 120 a US$ 130 por barril.
Navio passa pelo estreito de Ormuz
REUTERS/Hamad I Mohammed/File Photo
Riscos para a inflação
Apesar do cenário ainda incerto, analistas do JPMorgan avaliam o bloqueio do Estreito de Ormuz como o "pior cenário possível". Eles sugerem que a medida poderia elevar a inflação nos EUA para 5% — hoje, a taxa está em 2,4%, acima da meta de 2% do Federal Reserve (Fed), o banco central do país.
Mas os efeitos devem ter uma abrangência muito maior, aponta o especialista em comércio exterior Jackson Campos. Ele afirma que haverá um "verdadeiro efeito dominó na economia global", com impactos diretos sobre valor de combustíveis, custo de frete e preço final dos produtos.
"Para o Brasil, isso significa aumento no preço da gasolina, do diesel e até de alimentos. O transporte de cargas por navios também fica mais caro, o que afeta as exportações e importações brasileiras", diz.
"Além disso, empresas que dependem de produtos vindos do exterior podem enfrentar atrasos e escassez de insumos. No mundo todo, a expectativa é de inflação, mais pressão sobre as cadeias de suprimentos e risco de novos conflitos", acrescenta.
Impacto nos mercados
Além da disparada do dólar, analistas do mercado financeiro preveem queda nas bolsas nesta segunda, em um movimento de aversão ao risco — ou seja, uma migração para ativos considerados mais seguros, como a moeda norte-americana.
"Podemos esperar, sim, por uma abertura no vermelho. Ainda não é o pior cenário, na minha concepção. Porém, se realmente não for passar mais esse petróleo [pelo Estreito de Ormuz], as coisas podem azedar", diz Marcos Praça, diretor de análise da Zero Markets Brasil.
O impacto completo, no entanto, ainda dependerá da resposta dos investidores, da evolução do conflito e da confirmação de bloqueio da principal via marítima para o escoamento do petróleo global.
"Os mercados ficarão alarmados inicialmente", disse à Reuters Mark Spindel, diretor de investimentos da Potomac River Capital. "Não temos uma avaliação de danos ainda, e isso levará algum tempo", acrescentou.
"A incerteza vai dominar os mercados, já que agora os americanos em todos os lugares estarão expostos. Isso vai aumentar a incerteza e a volatilidade, particularmente no petróleo", acrescentou.
Após o ataque dos EUA a três instalações nucleares do Irã, um comentarista da televisão estatal iraniana afirmou que "todo cidadão americano ou militar na região é, agora, um alvo legítimo".
O comentarista ainda deixou um recado ao presidente americano: "Trump, você começou. Nós vamos terminar."
Outros indicadores já dão o tom dos mercados nesta semana, dizem analistas. A cotação da criptomoeda ether (a segunda maior do mercado), por exemplo, caiu quase 10% neste domingo. O bitcoin, que também é negociado todos os dias, chegou a recuar 3%.
"Isso já demonstra um sentimento de aversão a ativos de risco", conclui Marcos Praça, diretor de análise da Zero Markets Brasil.
Estreito de Ormuz: a 'artéria' do trânsito mundial de petróleo
Estreito de Ormuz
Arte/g1
O Estreito de Ormuz conecta o Golfo Pérsico (ao norte) com o Golfo de Omã (ao sul), e "deságua" no Mar da Arábia. Na sua parte mais estreita, a via tem 33 km de largura, com canais de navegação de apenas 3 km em cada direção.
Cerca de 20% de todo o consumo mundial de petróleo passam pela rota. Entre o início de 2022 e maio deste ano, fluíram diariamente pelo local de 17,8 a 20,8 milhões de barris por dia de petróleo bruto, condensado ou combustível, segundo a plataforma de monitoramento marítimo Vortexa.
Membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) como Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Iraque exportam a maior parte do seu petróleo através do estreito, principalmente para a Ásia.
Os Emirados Árabes e a Arábia Saudita buscam rotas alternativas para não depender do estreito. O Catar, um dos maiores exportadores mundiais de gás natural liquefeito, envia quase toda sua produção através da rota marítima.
Segundo a Administração de Informação de Energia dos EUA, havia cerca de 2,6 milhões de barris por dia de capacidade ociosa nos oleodutos existentes desses países, que poderiam ser usados para contornar Ormuz (em dados de junho do ano passado).
* Com informações da agência de notícias Reuters.

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