Há 75 anos, o Brasil ganhava o Maracanã, e a Jovem Pan estava lá

Uma das gravações mais raras encontradas no arquivo da Jovem Pan faz 75 anos. A inauguração do Maracanã, em 16 de junho de 1950, é registrada pela voz vibrante do narrador Pedro Luiz. O maior estádio do mundo, chamado de “Portentoso” ou “Monstro de Concreto”, foi construído em tempo recorde, menos de dois anos, para a Copa de 1950.
O Maracanã seria o orgulho do Brasil. O tamanho do estádio, com capacidade para 200 mil pessoas, corresponderia ao tamanho que o país queria ocupar no mundo do pós-guerra. Era ano de eleição. Getúlio Vargas foi eleito pelo voto direto e retornou ao poder no ano seguinte, agora nos braços do povo. Já o então presidente da República, Eurico Gaspar Dutra, não poderia perder a festa de inauguração, no Rio de Janeiro. O prefeito do Distrito Federal, Ângelo Mendes de Morais, estava orgulhoso. O general se engajou com todo o fervor pela construção do Maracanã e foi alvo de inúmeros ataques.
O jornalista e futuro governador do antigo Estado da Guanabara, Carlos Lacerda, era contra a obra. Ele dirigia o jornal Tribuna da Imprensa e tinha como inimigo o prefeito do Rio. Mendes de Morais ganhou um busto na entrada do estádio que seria destruído por torcedores em fúria depois da derrota da seleção para o Uruguai, na partida decisiva da Copa de 1950, em 16 de julho de 1950, um mês depois da inauguração. A Tribuna da Imprensa destacaria: “A cabeça do general Mendes de Morais recorda aquele misto de vaidade e ridículo que imortalizou Mussolini”.
Após muita discussão sobre a necessidade de um estádio do tamanho do Maracanã, a obra foi autorizada. O jornalista Mário Filho, do Jornal dos Sports, irmão do cronista Nelson Rodrigues, fez uma grande campanha em favor da praça esportiva. As obras para a Copa estavam atrasadas. O dirigente italiano Ottorino Barassi, ligado à Fifa, veio às pressas ao Brasil semanas antes do início da competição para fiscalizar os trabalhos.
Já na abertura da Copa, além do presidente e do prefeito, estavam presentes Canrobert Pereira da Costa (Ministro da Guerra), Honório Monteiro (Ministro do Trabalho) e Clemente Mariani (Ministro da Educação e Saúde). Na inauguração, o Maracanã ainda estava com andaimes montados nas arquibancadas. No dia seguinte, em 17 de junho, foi disputada a primeira partida: o selecionado de São Paulo venceu o carioca por 3 a 1. O primeiro gol foi de Didi, do Rio, que seria bicampeão mundial pela seleção brasileira, em 1958 e 1962.
Ouça agora um trecho da transmissão da Rádio Panamericana:
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