VÍDEO: jovem denuncia racismo e demissão de empresa de Maceió após colocar tranças no cabelo
Gabriela Barros informou ainda que chefe comparou ela com uma funcionária branca. Jovem denuncia racismo e demissão de empresa de Maceió após colocar tranças no cabelo
Uma jovem de 21 anos publicou um vídeo denunciando um caso de racismo sofrido em Maceió, capital alagoana (confira acima). De acordo com Gabriela Barros, ela foi demitida de uma empresa de consórcios após colocar uma trança, além de ser comparada com outra funcionária, que é branca. ‘Tire essa trança hoje. Se for para vir amanhã para a empresa, nem venha com essa trança. Estou te avisando’, disse a ex-chefe dela.
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A reportagem do g1 AL tentou entrar em contato com a ex-chefe de Gabriela Barros, mas as ligações não foram atendidas.
A jovem informou que já está sendo acompanhada por um advogado, que confeccionou um Boletim de Ocorrência (B.O.) contra a ex-chefe e que o caso já foi denunciado à Justiça do Trabalho. O advogado dela, Pedro Gomes, informou que ela deve prestar depoimento à Polícia Civil na próxima quarta-feira (21).
No vídeo, Gabriela diz que o racismo começou quando ela fez tranças nagô no cabelo. “Eu simplesmente passei um dia com a trança. Cheguei lá no trabalho, ela simplesmente mandou eu tirar, e como eu tinha contas a pagar, precisava me manter na empresa, eu aceitei e tirei a trança”, conta.
Após um tempo, a jovem fez uma parceria e fez novamente tranças que ela classifica como “bem comum”, para não chamar a atenção da chefe e ser repreendida. No terceiro dia após o fato, ela foi chamada no canto da loja e foi avisada que tinha dois dias para tirar as tranças.
“Ela disse que [o penteado] a era perfil de loja de hippie, que não era o perfil da empresa dela. E eu decidi que não iria tirar a trança dessa vez. Isso vai totalmente contra o que eu acredito, contra o que eu prego e contra as minhas vivências. Vai contra a minha ancestralidade”, desabafa a jovem.
Passados os dois dias, Gabriela foi chamada novamente e, mais uma vez, gravou a conversa com a ex-chefe. No diálogo, a mulher disse que ela teve o final de semana para tirar as tranças e disse que a jovem sabia que ela não aceitava o penteado.
No terceiro dia após a conversa, em 25 de março, Gabriela gravou um vídeo relatando que foi mandada embora para casa por conta das tranças. “Ela nem me chamou de canto, ela fez questão de falar na frente de todo mundo”. Apesar disso, a jovem voltou para empresa no outro dia e perguntou o porquê da atitude da ex-chefe.
Ela justificou que o penteado não interfere no modo como ela atende os clientes da empresa e disse que manteria o penteado não só pela estética, mas que era uma forma dela manter as raízes.
“A questão do cabelo para mim interfere. Interfere porque aqui é um escritório, às vezes é a sua cultura, como você falou, mas a gente não aceita. Você não precisa entender o motivo, aqui a regra da empresa. Se você se vestisse de forma ‘padrão’ eu até aceitaria a sua trança”. Nesse momento, segundo Gabriela, a mulher comparou ela a outra funcionária, que é branca.
A jovem explicou que é sempre necessário juntar provas quando essas situações acontecem e que se questionou muito se ela era a causa do problema. Gabriela também compartilhou fotos com roupas sociais e afirmou que usava elas no ambiente de trabalho.
“O problema não está em você. O problema está neles. Só o fato dela ter me comparado com uma pessoa branca e dizer que aquela pessoa poderia usar a trança e eu não [já foi uma ofensa]. É importante dar voz para os nossos. Eu cumpri o aviso prévio depois de ter sofrido o racismo e foi humilhante, é bem desconfortável”, relatou.
Gabriela Barros foi demitida após colocar tranças em Maceió
Reprodução/Redes Sociais
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